Dislipidemia e risco cardiovascular
As doenças cardiovasculares constituem uma das principais causas de morbilidade e mortalidade nos países ocidentais, estimando-se que sejam responsáveis por aproximadamente 40% de todas as mortes.
A dislipidemia é um dos principais factores de risco modificáveis, sendo responsável por mais de 50% do risco de eventos coronários, consistindo num dos principais factores de risco modificáveis para os eventos ateroscleróticos. Saliento ainda a elevada prevalência desta patologia nos paises ocidentais.
Múltiplos ensaios clínicos e cientificos têm demonstrado que o controle do perfil lipídico, particularmente do colesterol LDL (C-LDL) permite a redução significativa dos eventos cardiovasculares fatais e não fatais.
As metanálises na área da dislipidemia demonstram, que independentemente do fármaco utilizado no controle dos lipidos (estatina, estatina/ezetimibe e/ou iPSCK9), existem benefícios cardiovasculares associados à percentagem da diminuição do C-LDL e do valor final alcançado destas lipopoteínas.
Nos doentes de risco alto e muito alto, a protecção conseguida pelo controle dos lipidos é de grande relevância, pelo que os alvos de C-LDL são < 70 mg/dl e < 55 mg/dl respêtivamente, associado a uma diminuição e 50% do valor basal de C-LDL.
O estudo Improvit demonstrou que a associação de estatina com ezetimibe permite a diminuição de eventos cardiovasculares fatais e não fatais de forma significativa, sendo mais impactantes nos doentes de maior risco nomeadamente os diabéticos. Os ensaios com ezetimibe e/ou iPSCK9 demonstraram que é a redução do C-LDL e o seu valor alvo que proporcionam a proteção cardiovascular dos doentes.
Apesar da existência de grande diversidade de terapêuticas, a grande maioria dos doentes de muito alto risco continuam fora do controle da dislipidemia (mais de 70% no estudo Euroaspire IV e V), não beneficiando da proteção cardiovascular com potênciais reduções de eventos e mortalidade.
A otimização do estilo de vida associada a uma escolha da terapêutica que permita a redução percentual do C-LDL que permita colocar o doente dentro do valor alvo são de elevada premência para o tratamento do doente com dislipidemia.
Bibliografia e referências:
- Mach F, Baigent C, Catapano AL, Koskinas KC, Casula M, Badimon L, et al. 2019 ESC/EAS Guidelines for the management of dyslipidaemias: lipid modification to reduce cardiovascular risk. Eur Heart J. 2020 Jan 1;41(1):111-188.
- De Backer G, Jankowski P, Kotseva K, Mirrakhimov, Reiner Ž, Rydén L, et al. Management of dyslipidaemia in patients with coronary heart disease: Results from the ESC-EORP EUROASPIRE V survey in 27 countries. Atherosclerosis 285 (2019) 135–146